21.10.10

Eu sei que é difícil. Eu sei que dói e que vai doer mais a cada dia que se passar. Eu sei que respirar sabendo que ele não é mais teu, vai doer. Sei que ouvir o nome dele, e saber que nos virou passado vai doer. Eu sei que a vontade de ler tudo de novo, a vontade de ver fotos, conversas, momentos, vai ser maior. Eu sei que a vontade de cortar os pulsos vai ser tentadora, porque suportar uma dor externa vai parecer mais fácil que suportar a dor interna. A dor que a partida dele te causou.
Sei que deixar tudo de lado para te focares apenas na sua dor, vai ser uma das tuas escolhas mais prazerosas, e sensatas. Mas não vale a pena. Chora tudo o que tiveres que chorar. Lembra-te de tudo o que tiveres que lembrar. Tira um dia só para falar dele. Tem uma overdose dele. Repete o nome dele dentro da tua cabeça mil e uma vezes. Pensa nele antes de dormir, e refaz os seus diálogos. E então, no dia seguinte, acorda para uma vida nova. Deixa-o, e tudo o que foi do dia passado, ali, no passado. Não cometas o mesmo erro que eu.

Não faças isso pouco a pouco. Não deixes essa dor arrastar-se, não deixes isso transformar-se numa semana, num mês, num ano. Não prolongues o que não existe. Não faças com que o tempo da tua dor seja maior que o vosso amor . Percebes? Não é fácil. É insuportável. É como carregar um peso de cem quilos nas costas. Mas por favor, não cometas o mesmo erro que eu. Não digas que está tudo bem quando está tudo uma grande merda. Não digas que não sofres, quando o sofrimento é a única coisa que preenche o vazio que ele deixou. Não sorrias fingindo uma alegria que não existe. Sofre. Sofre até que esse sofrimento te faça cair, até que esse sofrimento te corroa por completo, e pronto, chega.Não deixes que isso se torne o teu ar, não deixes que o teu coração bata em função disso, e nem que os teus pensamentos vaguem em função disso. Passou. Daqui um ano vais olhar pra trás e vais pensar: Caralho, como eu sofri. Como eu chorei até os meus pulmões implorarem por ar. Como eu me magoei até sentir todo o meu corpo adormecido. Até não sentir nada, e ainda assim, sentir-te. Como eu gritei, e em resposta só obtive o silêncio. Mas então, foda-se. Foda-se mesmo. Não vires uma masoquista, por favor. Não te enganes, não negues, não escondas…Mas quando a dor for, e tiveres que te levantar, não escolhas continuar no chão apenas para continuar com a sensação de ainda tê-lo. Porque não… A dor não te deixa mais próxima dele. A dor não é capaz de fazer o teu coração saltitar, como ele fazia. A dor não tem o cheiro intoxicante de tabaco que apenas ele tinha. A dor não te acolhe nos seus braços em noites de tormenta. A dor não te ama, como um dia ele jurou amar-te. A única coisa que a dor faz, é acompanhar-te durante todos os dias. Para sempre… Coisa que ele não foi capaz de fazer.
Ele foi-se… E tu, mesmo sem querer, aprendes-te a viver sem ele. Agora, precisas de aprender a viver sem ela. A dor. Precisas de fazer apenas uma coisa: Reerguer-te… Sem ele. Sem dor.

2 comentários:

Dás-me um sorriso?