18.5.10

Ana - Parte 4

Quanto mais Ana queria adiar a situação, mais as horas corriam, e com elas os dias, as semanas, as quinzenas, os meses. O ano.
Chegou o dia; Ana esperou o seu futuro-ex-namorado onde se encontraram meses atrás.
Ela negou o beijo mais uma vez. O namorado ficou sem perceber, mas aceitou.
- Olha, eu tenho que qe conversar contigo.
- Diz. – Bruno sorriu.
- Quando me disses-te ‘Vou-me mudar para Bolton’, eu fiquei feliz. Mais feliz do que já fiquei há muito tempo. Mas depois eu comecei a pensar se faria o que estás a fazer por mim. Tu desistis-te de toda a tua vida em Londres, Bruno.
- Eu sei. Pelo melhor motivo à face da Terra.
- Não, não é. Eu sinto que eu não estou a ser justa contigo. E sem ser justa contigo, eu não sou justa comigo. Eu não sei se faria o que fizes-te.
Eu acho que não. Eu sou egoísta, eu não sei. Não quero mais ser injusta com ninguém, não quero dormir a pensar nisto. Há meses que eu penso nisto, e fico com um peso na consciência. E, eu não sei se o teu amor é o suficiente para mim. – Disse Ana virando as costas. Foi andando para a
sua casa. E ao contrario de momentos tristes clichês (eu odeio clichês), não estava a chover. O céu estava azul, o sol brilhava, como raramente acontecia em Bolton. Mas o que estava dentro de Bruno (e de Ana) não era assim tão brilhante.
Para Ana chegar a casa, tinha de passar pela frente da casa de Marcela – era esse o motivo de uma estar sempre na casa da outra; elas moravam lado a lado.
Ana passou a correr, chorando, enquanto Marcela estava à janela. Marcela saiu correndo de casa – ignorando completamente o estado critico em que se encontrava: blusa dos ursinhos carinhosos, cabelo preso com um rabo-de-cavalo mal ajeitado, calções curtos de florzinhas e pantufas de tigresa – indo logo para a casa da amiga. Ela tocou a campainha, e a mãe da amiga atendeu. Disse que podia subir as escadas, Ana estava no seu quarto.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Dás-me um sorriso?